Sedese quer garantir maior inserção de pessoas com Transtorno de Espectro Autista no mercado de trabalho
A Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Sedese) tem intensificado a busca de parcerias com as organizações da sociedade civil para garantir a inserção de pessoas com Transtorno de Espectro Autista (TEA) no mercado de trabalho, bem como o cumprimento de cotas pelas empresas para contratação de pessoas com deficiência (PCD).
Neste mês de conscientização sobre o autismo, cujo Dia Mundial se comemora nesta quinta-feira (2/4), a Coordenadoria de Articulação e Atenção à Pessoa com Deficiência (Caade), órgão ligado à Subsecretaria de Direitos Humanos da Sedese, tem ampliado as ações como forma de romper o preconceito pelas empresas e garantir a empregabilidade dessas pessoas.
"Uma das atuações mais fortes da Caade é a intermediação da mão de obra. É garantir o acesso dessas pessoas ao mercado de trabalho, haja vista a grande dificuldade de acesso a este ambiente. E mais ainda, além da colocação, a manutenção dessas pessoas nos postos de trabalho", salienta Wesley Barbosa, coordenador da Caade em Minas.
Para se ter uma ideia, no ano passado, de janeiro a março, das 165 colocações de PCDs no mercado de trabalho nos 132 postos do Sistema Nacional de Emprego (Sine), órgãos coordenados também pela Sedese, apenas 7 eram de pessoas com deficiência intelectual. Neste ano, o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), do Ministério da Economia, ainda não liberou os dados sobre empregados e desempregados, devido à pandemia de coronavírus.
Mesmo que tardia, a inclusão da pessoa com TEA como deficiente só se deu no Brasil com sanção da Lei 12.764 em 2012, mas foi um grande avanço para vencer os estigmas e o desconhecimento em relação ao potencial dos autistas. “Eles precisam de oportunidades para conviver com todas as outras pessoas, que se abram as portas no mercado de trabalho, bem como nas áreas de saúde, cultura, esportes e educação”, enfatiza Wesley Barbosa.
Segundo o superintendente de Gestão e Fomento ao Trabalho e à Economia Popular Solidária da Sedese, Marcel Cardoso Ferreira de Souza, o mercado de trabalho hoje ainda é muito excludente e, em relação à pessoa com TEA, se dá principalmente pela falta de informação e do conhecimento sobre as potencialidades dessas pessoas em desenvolver o trabalho.
"É necessário uma grande conscientização a respeito disso, principalmente em relação às potencialidades que as pessoas têm, para que o mercado de trabalho deixe de ser excludente. O autismo é sim uma deficiência que apresenta maior dificuldade de inserção (no mercado de trabalho). Existem pouquíssimos dados sobre isso e é muito difícil de se medir. Por isso, é tão importante a informação estar clara, discutir e divulgar esta questão", enfatizou.
A vice-presidente da Associação de Apoio à Pessoa com Deficiência Nossa Senhora das Graças (Agraça), Maristela Ferreira, confirma também a grande dificuldade de inserção de pessoas com TEA no mercado de trabalho. “Inicialmente, porque precisamos preparar o profissional com TEA, e isso pode levar de 6 a 12 meses. Isso se faz necessário para que a inclusão tenha êxito. Além disso, é necessário também preparar a equipe em que ele será incluído”, conta.
Maristela Ferreira lembra que de nada adianta agilizar o processo de ingresso no mercado de trabalho e constatar depois que profissional desistiu do posto de trabalho. “Saliento que, muitas vezes, o motivo da desistência se dá em função das barreiras atitudinais encontradas pelos pares, líderes da célula de trabalho”, disse, acrescentando que é bastante desafiador a inserção desse público no mercado de trabalho. “Esperamos alcançar melhores resultados no futuro. É um trabalho inovador que exige paciência e determinação”, enfatiza. Com sede em Belo Horizonte, a Agraça faz um trabalho de encaminhamento de pessoas com TEA ao mercado de trabalho.
O autismo é um distúrbio neurológico que prejudica o desenvolvimento da comunicação e das relações sociais da pessoa com o transtorno. De difícil diagnóstico, as pessoas com TEA normalmente têm dificuldade de interação social, de comunicação e tendem à repetição de comportamentos padronizados. O grau e a intensidade do autismo variam e o comprometimento pode ser mais severo ou mais leve, quando o portador consegue levar uma vida próxima do normal.
Prioridade no atendimento
No dia 18 de setembro do ano passado, o governador de Minas, Romeu Zema (Novo) sancionou a Lei 12.414/19, que obriga os estabelecimentos a inserir a pessoa com TEA em placa informativa que contém o rol dos beneficiários de atendimento prioritário. O descumprimento dessa norma, sujeita os infratores a multa (até 2 mil Unidades Fiscais do Estado de Minas Gerais - Ufemgs), respeitado o devido processo administrativo. Como as empresas tinham seis meses para fazer a adaptação, a legislação já está em vigor no Estado.
Lei de cotas
A Lei 8.213, de 24 de julho de 1991, prevê a reserva de cotas para PCD. As empresas com 100 ou mais funcionários está obrigada a preencher de 2% a 5% dos seus cargos com beneficiários reabilitados, ou pessoas com deficiência, na seguinte proporção: até 200 funcionários (2%), de 201 a 500 (3%), de 501 a 1000 (4%) e de 1001 em diante (5%).
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