Com ajuda da Sedese, familiares se reencontram após 30 anos

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Após 30 anos de separação, o contato entre uma ex-interna da Fundação Bem Estar do Menor (FEBEM) e sua família foi reestabelecido. Desde junho, após receber uma ligação da família, a Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (Sedese), por meio da Subsecretaria de Assistência Social (Subas), trabalhou para localizar Márcia Cristina*, que foi encaminhada para a FEBEM quando tinha apenas 12 anos.

No contato telefônico, os parentes de Márcia apresentaram informações pessoais da prima desaparecida, bem como o histórico familiar e o motivo do encaminhamento dela para a FEBEM. Na época, a família composta por oito pessoas - sendo a mãe portadora transtorno mental – enfrentava dificuldades financeiras. Márcia, em razão de uma deficiência nos pés, foi encaminhada para o Hospital da Baleia, em Belo Horizonte, para tratamento especializado. Posteriormente, após alta hospitalar, tornou-se interna da FEBEM.

Desde que se tornou interna da Fundação, não foram encontrados registros de contato entre Márcia Cristina e a família, fato que dificultou a conexão com seus familiares. A partir de pesquisas em documentos de parcerias mantidas entre a Sedese e Organizações da Sociedade Civil, para atendimento às pessoas com deficiência oriundas da Fundação, os servidores da Subas localizaram Márcia na Casa Lar da APAE de Luz, onde permanece acolhida desde 1996, ano de encerramento das atividades da FEBEM.

O programa é objeto de parceria entre a Sedese e 24 APAEs do Estado, e é destinado a atender exclusivamente egressos da FEBEM que possuíam, à época, alguma deficiência. Hoje, o público atendido pelo programa é constituído por pessoas adultas com deficiência, que não alcançaram condições de autonomia e/ou (re)integração na família de origem, extensa ou substituta, permanecendo sob cuidados do Estado.

Cristiano de Andrade, Superintendente de Proteção Social Especial da Subas, explica que a equipe da Diretoria de Proteção Social de Alta Complexidade da Superintendência realiza o acompanhamento das unidades de acolhimento, e também das pessoas acolhidas. “São mais de 300 pessoas que estão nessas unidades atualmente. Nós temos o trabalho de ter a atenção para como essa aproximação é feita, dado que muitos desses acolhidos estão sem contato com a família há vários anos. Então é um processo mais cuidadoso, tanto para as famílias quanto para os acolhidos, para garantir que esses vínculos sejam reconstruídos”, detalha.

O contato entre Márcia Cristina e seus familiares tem seguido esses protocolos. Ainda em junho, após sua localização, Márcia já participou de telefonemas e videochamadas com sua família. O próximo passo é a viabilizar o reencontro presencial, que está sendo preparado para ocorrer conforme as orientações das autoridades de saúde, devido à pandemia de Covid-19.

*Nome fictício para preservar a identidade da acolhida, a pedido da família.